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“Ona Omi – Caminho das Águas” abre temporada de espetáculos do Teatro Arraial

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O elemento água permeia toda a performance cênica do espetáculo

Mar, suor, sangue, navio negreiro, diáspora, ruptura de vidas, de famílias, de nações conduzidas pela água. A árvore ancestral, a terra do antes e a experiência de deparar-se com a catástrofe da colonização. Resistência conduzida mar afora que nos separou do berço, da mãe de nossa humanidade, África. As chegadas desses corpos em outras terras, mais especificamente no Brasil, fazem parte da dramaturgia do espetáculo Ona Omi – Caminho das Águas, que marca o retorno da Cia. de Dança Daruê Malungo aos palcos da cidade. A montagem abre a temporada de espetáculos do segundo semestre da Convocatória de Ocupação do Teatro Arraial Ariano Suassuna, a partir desta sexta-feira (27), e segue em cartaz até o dia 18/11, às sextas-feiras e aos sábados, às 20h.

A companhia foi fundada em 2001 e é, atualmente, composta por bailarinos e músicos ex-alunos do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo. Hoje em dia, o Daruê possui dois elencos, um deles, foi formado para criação do espetáculo Ona Omi, a partir de uma audição para bailarinos da comunidade de Chão de Estrelas – local que abriga a sede do Centro de Educação e Cultura -  e em seguida, com a realização de uma outra audição para bailarinos da cidade do Recife, o que fomentou um elenco de diversos corpos e experiências.

Ona Omi fez sua estreia na 27ª Semana Afro Daruê Malungo, ainda como cena em processo, trazendo para o palco uma nova perspectiva da Dança Afro. Em cena, corpos que não transitam entre saídas e entradas de coreografias mas, sim, permanecem a todo momento na cena em estado de performance, explica o diretor da companhia e do espetáculo, Orun Santana, que tem como desafio trazer à tona a história do Daruê Malungo para esses novos corpos, novas estruturas, novos olhares, pensamentos e experiências, entrelaçando seu próprio trajeto hoje não só como bailarino de dança afro, mas também como bailarino contemporâneo.

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A diáspora negra é o fio condutor do espetáculo

A bailarina, atriz e performer recifense, Janaína Gomes, também assina a direção do espetáculo. À diretora, coube as sinuosidades de uma dramaturgia e de elementos contemporâneos que levaram os intérpretes para reflexões sobre suas trajetórias, seus caminhos, suas águas e principalmente para pensar sobre quem são seus opressores e colonizadores de hoje. Afinal, a quem e ao que resistimos na contemporaneidade? “A dramaturgia do espetáculo é composta por elementos que associam elementos e contextos de diáspora, incorporados e friccionados com as histórias, sensações e imaginários dos intérpretes”, diz Janaina Gomes.

A direção musical é assinada pela percussionista Aishá Lourenço, que compôs ambiências sonoras instigantes que potencializam as particularidades dos intérpretes e seus movimentos de cena, assim como também, o que os une enquanto coletivo que dança uma ode às águas. A música traz também como marca, elementos digitais e percussivos.

O figurino, idealizado por Biam Dhifá, está intrinsecamente ligado à dramaturgia do espetáculo. Se configurou de maneira minimalista marcando corpos e deixando a africanidade exposta a partir dos cabelos dos dançarinos que estão ornados com a estética da trança nagô.

Por fim, o espetáculo “Ona Omi – Caminho das Águas” reflete sobre questões socioculturais da diáspora africana no Brasil desde nossa chegada até os dias atuais e das relações estabelecidas com a água que nos trouxe D´África, nos renovou, nos alimentou, nos enfraqueceu, nos separou, nos levou para longe da mãe, mas ao mesmo tempo nos apontou caminhos para o agora, para o presente. Onde estamos hoje?

Sobre elemento água
Assim como em várias religiões, o candomblé, religião de matriz africana, entende a água como símbolo da origem da vida, da fecundidade, da fertilidade, da transformação, da purificação, da força e da limpeza. Elemento primordial, ela é considerada o ponto de partida para o surgimento da vida, além de ser elemento condutor, com o poder de acumular, absorver ou descarregar qualquer vibração, seja ela para o bem ou para o mal. Para além da relação com a trajetória do povo negro, se tem como referência as orixás que estão diretamente relacionadas com o elemento água e com a energia feminina: Iemanjá, Oxum e Nanã.

Sobre a Cia de Dança Daruê Malungo
A Cia de dança Daruê Malungo teve como primeiro espetáculo “No jogo da dança”, que fez temporada no Armazém 14 e participou de diversos festivais tais como: Festival de Dança do Recife, Na onda da Dança (Sesc Piedade), Pernambuco em Dança, Festival de Inverno de Garanhuns e Janeiro de Grandes Espetáculos, recebendo indicações e prêmios ao longo de várias edições. A Companhia também representou o Brasil internacionalmente na Alemanha e Holanda, no Dunya Festival, em intercâmbio com o maracatu Brasil Colônia, em 2004.

Serviço
Espetáculo Ona Omi – Caminho das Águas
Quando:  de 27/10 a 18/11; sextas-feiras e sábados, às 20h
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna (R. da Aurora, 457 – Boa Vista, Recife – PE)
Quanto: R$ 20 (inteira) | R$ 10 (meia-entrada)
Classificação Indicativa: Livre


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